RAIVA COSMOPOLITA
hoje tive um pesadelo com o enem, que eu perdia os horários e me distraía com coisas como subir morros e nadar com cantores eruditos.
fiz uma garrafa de café que ficou meio aguada, ainda não aprendi a chegar no ponto certo… tentativas de me animar nesse dia lindo que me oprime. é como se ele estivesse rindo de mim: o céu azul e a brisa nas folhas me apontando o dedo.
vontade de dar um socão nesse pé de maracujá.
eu tenho medo de que entendam mal minhas palavras. medo de machucar e parecer ileso. isso nunca teria como acontecer porque sempre tenho uma impressão de perda. quando era mais criança eu perdia tudo, touca, chaves, guarda chuva, anéis, carteira… até que, depois de algumas vezes preso do lado de fora da casa, aprendi a sempre olhar pra trás e verificar se esqueci de algo. hoje é raro eu deixar as coisas para trás, mas sempre tenho a impressão de que perdi algo muito importante, e eu sei bem o que é.
por isso me dói tanto quando o que eu digo muda as coisas, mesmo que esse tenha sido o intuito. o que deve ser feito tem que ir para o caralho. mas eu é que vou e tento renascer lá dentro. lá eu descanso um pouco.
mas renascer é sair da cama e enfrentar o dia.
parece que hoje o dia não está pra renascença.